Friday, November 09, 2007

Hoje a partir das 21.30H, na Casa Fernando Pessoa, com apresentação de José Mário Silva, showcase acústico de Tiago Bettencourt e música a cargo do DJ Mr Paris. Apareçam.

Thursday, August 30, 2007


IMPROMPTU*

Desde há meses tenho vagueado
sem sentido. Sem destino ou fim.
Um doce e mortal raio de Sol
tortura-me e cega, noite e dia.

De onde vêm estas visitas?
Alguém caminha sobre a água
estonteante, jovem,
desliza através da escuridão abrupta.

O sorriso dela eleva-se em direcção à costa.
Na distância, algumas velas flamejam.
O calor vertical do meio-dia é um chuveiro,
limpando o lixo deixado nas poças do banho.

Detalhes e trivialidades.
Uma única flor no vento, suave,
revira-se uma e outra vez como os dedos
de um bebé, mudo e deslumbrado.

E as melodias. Através de todas as salas
a mesma inundação de melodias,
como se o mar descalço rumorejasse
entre as suas paredes.

Mas mais belos do que tudo isso - os amantes!
As cabeleiras luminosas entre os restos.
A última, a belíssima tenda da sua modéstia.

Os amantes. E o crepúsculo.
As filas de casas afundando-se na escuridão.
E sobre as casas, na areia,
uma torre maciça e grave.

Quem poderia ter sonhado algo tão triste.

*Do poeta húngaro János Pilinszky
tradução minha do inglês e dedicada ao Luís Naves e ao Pedro Mexia

Wednesday, August 08, 2007


O habitante desta casa vai de férias. Desta vez, ao contrário do que documenta a fotografia tirada no St. James Park poucos minutos antes de o avisarem que a espreguiçadeira teria de ser paga, espera libertar-se do telemóvel e - em especial - da mal cheirosa cigarrilha. Durante alguns dias (os quais espero pareçam mais do que na realidade serão) estarei por aqui. Até breve.

Tuesday, August 07, 2007

Ouvindo, por exemplo, isto.

Monday, August 06, 2007


Dalai Lama em Fátima, Setembro de 2001
O XIV Dalai Lama descreveu este momento em particular como o mais comovente da sua visita. Em entrevista referiu como sentiu uma vibração especial vinda de Nossa Senhora, ao olhar para a sua estátua. Em Setembro, regressará a Lisboa para três dias de ensinamentos e uma conferência pública no Pavilhão Atlântico. Fotografia: Alexandra Silva.

Sunday, August 05, 2007


Se observardes esta bela gravura que se encontra no livro «Atlanta Fugiens» de Michael Maier, vereis nela uma dama caminhando de noite, deixando atrás de si as pegadas marcadas na areia do chão. Ela empunha na sua mão direita um ramo de flores e na sua mão esquerda frutos diversos. Na sua esteira vê-se um ancião apoiado num bordão com a mão direita e segurando uma lanterna acesa na sua mão esquerda, caminhando, pondo os pés por cima das pegadas deixadas no chão pela dama Natureza. Do lado esquerdo, em cima, podereis ver a Lua no seu quarto minguante.
O simbolismo é por demais interessante sob o ponto de vista alquímico. O ancião com óculos, só por si nos diz, tal como Basílio Valentim quer significar no final da sua Primeira Chave:
«Porque, verdadeiramente, se não percebeste ainda a luz das minhas palavras, não há óculos (lunetas) de vidro que te adiantem, nem olhos naturais que te ajudem, para que encontres nofim o que te faltou no princípio…». Quero isto significar que são necessários óculos (simbolicamente observação) para seguir a Natureza.
Eugène Canseliet em «Alchimie Expliquee sur ses Textes Classiques», página 26 diz:
«Apotegma que mostra sem ambiguidade que seguir a natureza não é tão simples como se poderia crer, pois é preciso ainda, para isso, um bordão, lunetas e uma lanterna. Estes objectos são indispensáveis a fim de que se possa colocar exactamente os pés nas pegadas deixadas sobre a areia do caminho, durante a noite, sob a lua em decurso.
A dificuldade parece portanto aumentar na proporção em que o astro nocturno se encontra em
decrescimento, tal como nós o vemos no céu, sob a forma de um menisco, as suas pontas viradas para a direita…».
Efectivamente, a influência Lunar é por demais evidente nas operações alquímicas, sobretudo na via seca do antimónio em praticamente durante todo o trabalho mas com maior evidencia nas primeiras manipulações. Mas não é só aí ela se manifesta. Na via húmida na deliquescência dos sais do "fogo secreto" também é notória a sua influência bem como na recolha do orvalho.
Mas então, como seguir a Natureza exactamente durante os trabalhos alquímicos? Eis aqui uma boa questão para meditarmos. Cyliani em «Hermès Dévoilé» aflora esta questão mas ela é ainda mais evidente noutro pequeno tratado de um autor anónimo em «Deux Traités Alchimiques Du XIX Siècle», "Récréations Hermétiques" página 241:
«Toda a gente sabe, hoje, que a luz que a Lua nos envia não é senão um reflexo da do Sol, à qual se vem misturar a luz dos outros astros. A Lua é, por consequência, o receptáculo ou fogo comum de que todos os filósofos intentaram falar: ela é a fonte da sua água viva. Se, portanto, vós quiserdes reduzir em água os raios do Sol, escolhei o momento em que a Lua no-los transmite com abundância, isto é, logo que ela esteja cheia ou que se aproxime do seu plenilúnio; vós tereis, por este meio, a água ígnea dos raios do Sol e da Lua na sua maior força. Mas há ainda certas disposições indispensáveis a cumprir, sem as quais vós não faríeis senão uma água clara e inútil. E não há senão um tempo próprio para fazer esta recolha de espíritos astrais. É aquele em que a Natureza se regenera porque nesta época a atmosfera fica toda impregnada do espírito universal».
«Pode-se começar o trabalho logo a seguir ao por do Sol e continuar toda a noite; mas é preciso terminá-lo logo que este se levante, porque a luz dispersa o espírito e não se recolhe senão uma fleuma inútil. Os filósofos tem mantido até aqui estas coisas muito secretas; eles não tem falado senão muito obscuramente e sempre sob o véu da alegoria.»
Eis, aqui irmãos, uma descrição sumária das energias subtis da Natureza mas este tema não se esgota aqui. Já lemos vezes sem conta este pequeno tratado e ainda não conseguimos, até hoje, compreender inteiramente como seguir a Natureza nas operações alquímicas e, sobretudo, na obra que este Artista nos pretende transmitir.
Talvez um dia tenhamos a tal "intuição" para podermos levantar o véu e vermos a Luz. Recomendamo-vos a leitura deste pequeno tratado cuja leitura vos será muito proveitosa sob o ponto de vista operativo desde que consigais descobrir quais as matérias e as forças na Natureza empregadas no modus operandi.

Rubellus Petrinus

Saturday, August 04, 2007

All the Time like

Muito prezado Sr. Ivaldi,
Com esta carta comunico-lhe que confiei os manuscritos de Cain Groovesnore, meu tio, ao Sr. Pratt. Como também o livro de bordo do Capitão de Fragata Slütter e dois mapas marítimos que pertencem ao Capitão Galland. Foi tudo o que pude encontrar entre os velhos papéis e livros de meu pai, além de uma carta da prima de meu tio, Pandora Groovesnore, que ficou comigo. A carta em si não tem muito valor documental para a história que deseja publicar. Mas somente um valor afetivo para mim, todavia transcreverei um breve trecho que pode interessar-lhe.
Diz: ...se vires Cain lembra-lhe que não se esqueça de enviar-me aqueles mapas de que estou à espera. Conta-lhe que as crianças estão bem e que Pamela pergunta sempre por ele. Nós também estamos muito bem, mas tivemos uma desgraça na família, o tio Tarao morreu. Deixou um grande vazio entre nós, mas é sobretudo com o tio Corto que agora me preocupo. Aqueles dois compreendiam-se perfeitamente e eram inseparáveis. Agora, quando vejo o tio Corto sentado sozinho no jardim, com o olhar apagado diante daquele seu grande mar, sinto um aperto no coração. As crianças procuram fazer-lhe companhia, mas ele quase nem as percebe. Cain deveria vir aqui por algum tempo. A Primavera já chegou e o jardim está cheio de flores...
A carta continua ainda, mas não nos diz mais respeito. Há algumas manchas nela que parecem ser produzidas por lágrimas. Diz-se que o último pirata foi Lafitte, mas não é verdade. O último pirata é o Monge. Costumo dizer: é... porque estou certo de que não terminou os seus dias e isso deveria surpreender, uma vez que, quando Cain Groovesnore o encontrou, estava ele já velho. Isso aconteceu em 1914, numa zona do Pacífico Sul. Lá encontrou também Corto Maltese, o verdadeiro marinheiro, Capitão Rasputin, um maldito assassino, o Capitão de Fragata Slütter, que foi um herói obscuro, o maore Tarao, seu amigo, e, por último, Jeremias, que poderia ter sido tudo e preferiu ser ninguém. Estes foram os personagens importantes entre tantos outros e tiveram um grande peso na sua vida. Penso que quando era jovenzinho devia ter um carácter irascível, bastante preguiçoso e vazio. Certamente foram as palmadas de Corto Maltese e a nobreza de Jeremias que o mudaram, além das humilhações que sua prima Pandora lhe infligiu, que Deus a abençoe. Esta é uma história verdadeira e eu não a teria revelado nunca se o Sr. Pratt não tivesse insistido para que eu contasse todos estes factos. Termino assim esta carta e saúdo-o cordialmente, bem como à sua família. Espero revê-lo brevemente e não se esqueça de que estamos aqui à sua espera.
Seu, R. Obregon Carranza16/6/65 Viña del Mar (Chile)

Friday, August 03, 2007



Heart of Gold
Dave Matthews e Jimmy Buffett.
Para o Designorado

Ainda mal abriram as portas desta casinha e já a vizinhança começa a torpedear as boas intenções do seu habitante, como se pode ler aqui. Ao Réprobo, respondo com a frase de Dorothy Parker: «I don't care what is written about me so long as it isn't true».








«Em tempos apaixonei-me por um homem, por causa deste livro. Mas isso sou eu, que, já antiga, ainda sou do tempo em que os livros eram matéria de engate». Meditação na Pastelaria.
Chanson


Para a ariel, fica aqui a indicação de um lugar a descobrir, se é que ainda não sabe da sua existência. Eu, até sábado passado, não sabia. Na Casa das Queijadas, dois irmãos (gémeos) recuperaram bolaria tradicional (alguma - como os palitos do Marquês - centenária) e em plena zona histórica de Oeiras abriram uma casa onde a Coca-Cola não entra. Os néctares são feitos pela casa, há evidentemente chá e, para além das ditas queijadas criadas pelos manos e que fazem Sintra empalidecer, ainda os «budinhas»: pequenos cubos inspirados num bolo da infância deles nas Berlengas. Ao sábado, só fecha à meia-noite e um programa de tertúlias anima a recatada esplanada. A música adequada para saborear estas queijadas premiadas e únicas pode ser esta. Ou outra. Tanto faz.

Thursday, August 02, 2007


“To say nothing of what you lose, lose, lose, are loosing, man. You fool, you stupid fool … You’ve even been insulated from the responsibility of genuine suffering … Even the suffering you do endure is largely unnecessary. Actually spurious. It lacks the very basis you require of it for its tragic nature. You deceive yourself.”
Malcolm Lowry, Under the Volcano


Escolhi esta aguarela do meu amigo Luís para inaugurar o novo espaço. Chama-se «After the Storm» e pode ser adquirida (tal como outras aguarelas e óleos) aqui. Ele agradece. Mudou-se para a Bretanha e está a recomeçar uma nova fase da vida. A qual, até aqui e na sua maior parte, me incluiu a mim. Tal como eu o inclui a ele na minha. That's what friends are for.